Educação brasileira e a inutilidade do construtivismo

16-07-2013 21:54

Por Alessandro Barreta Garcia

Como questionamento, o filósofo Olavo de Carvalho dispara com uma pergunta que não quer calar. Quais são os motivos para colocar um filho em uma escola pública brasileira? Apenas um não ir preso. Essa resposta certamente não é em vão, pois, a educação brasileira é uma das piores do mundo[1]. Nossas Universidades não estão sequer entre as 100 melhores do mundo[2]. Nossa “produção intelectual“ encontra-se aumentando em quantidade, contudo ninguém cita nossos artigos[3]. Ademais, Olavo de Carvalho afirma que a educação é concêntrica, já que, ela só funcionará a partir de um sistema cujo núcleo terá de partir de uma alta cultura. Logo, a educação brasileira precisa de um sistema organizado, e fundamentado, sobretudo a partir de dados internacionais originários de estudos científicos que corroborem para a melhora efetiva de nossa educação.

Nos últimos anos, precisamente a partir dos anos de 1980, o construtivismo apresenta-se como parte do universo dos educadores brasileiros, na realidade uma legião de construtivistas imbecilizados e alienados por um sistema devastador. Nessa legião, a crença é indubitavelmente que “a criança constrói seu conhecimento”. Dessa legião, Oliveira (2002) aponta que quase todos desconhecem a ineficiência e os equívocos do construtivismo.

Carvalho (2012) explica muito bem o que boa parte dos educadores não entende sobre o construtivismo:

Todo idioma compõe-se de uma parte mais ou menos fechada, estável e mecânica – o alfabeto, a ortografia, a lista de fonemas e suas combinações, as regras básicas da morfologia e da sintaxe — e de uma parte aberta, movente e fluida: o universo inteiro dos significados, dos valores, das nuances e das intenções de discurso. A primeira aprende-se eminentemente por memorização e exercícios repetitivos. A segunda, pelo auto-enriquecimento intelectual permanente, pelo acesso aos bens de alta cultura, pelo uso da inteligência comparativa, crítica e analítica e, last not least, pelo exercício das habilidades pessoais de comunicação e expressão. Sem o domínio adequado da primeira parte, é impossível orientar-se na segunda. Seria como saltar e dançar antes de ter aprendido a andar. É exatamente essa inversão que o socioconstrutivismo impõe aos alunos, pretendendo que participem ativamente – e até criativamente – do “universo da cultura” antes de ter os instrumentos de base necessários à articulação verbal de seus pensamentos, percepções e estados interiores (CARVALHO, 2012).

A partir desta explicação percebemos que o ensino brasileiro precisa partir de uma base imutável. Com um referencial estável a criança se situa no universo linguístico e assim pode com o tempo criar variações e se elevar no mundo literário. Contrariando os resultados internacionais e o abandono do construtivismo, o Brasil se opõe a todo tipo de referência sólida, tal como qualquer tipo de técnica e estrutura, acusando-a de mecânica, repetitiva ou hierarquizada.

Tristemente, o Brasil caminha na contramão de países como Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, países que abandonaram totalmente o grotesco modelo construtivista pela coprovada inépcia deste modelo pedagógico ao longo dos anos. Percebendo a ineficiência e os equívocos do construtivismo estes países mudaram seus Parâmetros Curriculares Nacionais. Ao contrário, os PCNs brasileiros insistem em defender e utilizar o construtivismo apesar de vasta literatura internacional. Mesmo provando sua inutilidade como salientam Alessandra Seabra e Fernando Capovilla em seu brilhante livro “Alfabetização: Método Fônico”, o Brasil se encontra estagnado diante dos fatos catastróficos da educação. Apesar de inúmeras advertências a respeito da tragédia na educação brasileira, pouca iniciativa é observada. Como já apontamos anteriormente[4], o crime contra a educação brasileira continua. Até quando vamos aguentar tamanho desprezo pelo conhecimento científico? Quem pagará por este crime?

Referências

CARVALHO, O. O novo imbecil coletivo. Diário do Comércio, 30 de outubro de 2012. https://www.olavodecarvalho.org/semana/121030dc.html

OLIVEIRA, J. B. A. Construtivismo e alfabetização: um casamento que não deu certo. Ensaio, vol. 10, p. 161-200. Rio de Janeiro. 2002.

Outras fontes consultadas

SEABRA, A. G, CAPOVILLA, F. Alfabetização: Método Fônico. 5ª Edição, – São Paulo: Memnon, 2010.

SEBRA, A. G, DIAS, N. M. Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz. Rev. Psicopedagogia, 28 (87) 306-320, 2011.


[1]https://www1.folha.uol.com.br/saber/882676-brasil-fica-no-88-lugar-em-ranking-de-educacao-da-unesco.shtml

[2]https://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-09-11/usp-esta-entre-as-200-melhores-universidades-do-mundo-diz-pesquisa.html

[3] https://cienciabrasil.blogspot.com.br/2010/01/citacoes-por-paper-numero-minimo-de.html

[4] https://aliancacidada.wordpress.com/2012/06/28/educacao-ou-crime-contra-a-humanidade/

Fonte: https://aliancacidada.wordpress.com/2012/11/24/educacao-brasileira-e-a-inutilidade-do-construtivismo/